quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mares em subida até dois metros


Jornal de Noticias online de 25 Novembro de 2009

Cenários para 2100 dão temperaturas de mais sete graus
00h30m
EDUARDA FERREIRA, * COM AGÊNCIAS
As perspectivas de aquecimento do planeta e subida do nível dos oceanos são mais catastróficas do que têm indicado os relatórios do grupo de peritos de todo o Mundo que têm colaborado com a ONU, avisam agora climatologistas alemães.

A menos de duas semanas do começo dos trabalhos da Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, multiplica-se a divulgação de estudos apontando para a necessidade de os decisores políticos adoptarem em Copenhaga compromissos para o decréscimo de emissões causadoras do efeito de estufa. Ontem, cientistas do Instituto de Potsdam, Alemanha deram conta de uma visão pessimista quanto ao futuro do planeta, caso os maiores poluidores adoptem medidas tímidas.

Os climatologistas de Potsdam garantem que o aquecimento global está a ser e será mais intenso do que o previsto nas previsões feitas no quarto relatório do grupo intergovernamental (GIEC), em 2007. Afirmam eles quer o aquecimento poderá atingir, no final do século, os sete graus, por comparação com a época pré-industrial. "Cada ano que passa aumentam as hipóteses de o aquecimento ultrapassar os 2ºC", avisam os investigadores. Se as emissões dos gases de efeitos de estufa não diminuírem drasticamente, o degelo das calotes polares levará ao aumento do nível dos oceanos de um a dois metros até ao final do século, estimam eles. As emissões de CO2 aumentaram 40% entre 1990 e 2008 e esse facto tornará mais difícil deter nos 2º C o aumento da temperatura, avisam também.

Em sintonia com esta visão, a Rede Internacional de Acção Climática, composta por mais de 500 organizações e de que faz parte a Quercus, advoga uma redução das emissões superior a 40% até 2020 tendo como referência os valores de 1990. Isto por parte dos países industrializados que deverão encontrar em Copenhaga um compromisso para que o pico das emissões se situe entre 2013 e 2017 e as concentrações de dióxido de carbono não excedam as 350 partículas por milhão. Além disto, a Rede de Acção Climática defende que os países em desenvolvimento recebam ajudas para limitar as emissões e para reduzir a zero as emissões com origem na desflorestação e degradação florestal. O financiamento dos países desenvolvidos aos que têm economias mais débeis deve cifrar-se em 195 mil milhões de dólares até 2020, contabilizou já a mesma organização ambientalista internacional.

As posições defendidas para Copenhaga pela Quercus referem a necessidade de uma redução das emissões em 80% até 2050 depois de 2020. De outra forma, defende esta organização, será impossível conter o aquecimento global abaixo dos 2º C.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

COMO EXPORTAR FELICIDADE






O FIB (FELICIDADE INTERNA BRUTA) É MAIS IMPORTANTE QUE O PIB

COMO EXPORTAR FELICIDADE

Texto e fotos: Haroldo Castro

Um pequeno reino no Himalaia ensina
ao mundo como ser feliz

"A Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o PIB. Em nosso processo de desenvolvimento, a felicidade precede a prosperidade econômica." Jigme Singye, rei do Butão, em entrevista ao Financial Times
Uma nação encravada na Cordilheira do Himalaia está revolucionando alguns conceitos básicos da vida humana. Ao criar um novo índice para medir a qualidade de vida de seus habitantes, o Butão oferece uma receita inovadora para nosso mun­do de hoje, demasiadamente ancora­do em aspectos materiais.

Tudo começou com Jigme Singye Wangchuck, que substituiu seu pai como o rei do Butão, em 1972. Ele ti­nha apenas 17 anos de idade. Sua co­roação, dois anos mais tarde, marcou o fim do isolamento do pequeno pais (menor que o Estado do Rio de Janei­ro), escondido nas montanhas. De fato, até então, nenhum es­trangeiro tinha autori­zação para entrar no reino, a não ser quan­do convidado pela fa­mília real. A partir de 1974, o paraíso proi­bido começou a abrir as portas ao mundo.

Nos 34 anos de rei­nado, o desafio do rei Jigme Singye Wang­chuck foi o de equili­brar o desenvolvimen­to econômico com os valores culturais e espirituais da nação. Em 1987, respondendo a um repórter do jornal britânico Financial Times sobre a razão de o desenvolvimento no Butão caminhar a passos tão lentos, o rei teria respondido que "a Felicidade
Interna Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto". E teria arrematado: "Em nosso processo de desenvolvimento, a felicidade precede a prosperidade econômica."

0 conceito de o bem-estar do indivíduo não estar obrigatoriamente relacionado com bens materiais passou a percorrer o mundo e chamou a atenção de estudiosos. Afinal, o índice Produto Interno Bruto (PIB), usado por todas as nações do planeta, sempre foi considerado limitado. 0 PIB é apenas uma fórmula que determina a quantidade total da produção e do consumo de serviços e bens por meio de transações econômicas. Pouco importa se a riqueza foi originada de guerras, prostituição e devastação da natureza ou é o resultado de um trabalho honesto e uma atividade sustentável.

Se algum bem é conservado e não é consumido, essa operação não é registrada no PIB, pois esta não gera um valor específico. Por exemplo, uma floresta mantida in­tacta não entra no cálculo do índice, enquanto o conserto de um veículo aci­dentado (que pode até ter provocado vítimas fatais) é contabilizado. O PIB não consegue medir o trabalho volun­tário e chega a ampliar a discrimina­ção contra as atividades não-remune­radas, cujas motivações estejam acima do ganho financeiro.

"As medidas do PIB não medem a degradação do meio ambiente, o esgotamento dos recursos naturais nem o agudo declínio na qualidade de vida dos cidadãos. Acho que, em todos os espectros políticos, existe o reconhe­cimento dessas deficiências e a con­vicção que é importante desenvolver medidas mais adequadas", afirma jo­seph Stiglitz, economista reconhecido com o Prêmio Nobel 2001 de Econo­mia. Stiglitz foi convidado pelo presi­dente francês, Nicolas Sarkozy, para desenvolver um novo sistema de cál­culo econômico que possa incluir fa­tores de qualidade de vida.

As palavras de um rei (adorado por seus súditos) sobre a importância da felicidade foram levadas a sério pelos butaneses. Era preciso colocar em prá­tica o desejo real e o índice Felicida­de Interna Bruta (FIB) devia ser sis­tematizado. Em 1998, o conselho de ministros estabeleceu o Centro de Es­tudos do Butão, o qual passou a orga­nizar as informações sobre a FIB. O conceito também foi incluído nos Pla­nos Qüinqüenais e foi definido que a FIB deveria se apoiar em quatro pila­res: desenvolvimento socioeconômico sustentável e eqüitativo, conservação ambiental, promoção do patrimônio cultural e boa governança.

Enquanto isso, ao redor do mundo, um número crescente de economis­tas, cientistas sociais e empresários buscava outras medidas e indicadores que levassem em consideração não apenas o fluxo de dinheiro (como no caso do PIB), mas também a saúde, a cultura, o tempo livre dos indivíduos, a conservação da natureza e outros fatores não-econômicos.

Vários índices começaram a apare­cer na década de 90. O primeiro pas­so foi dado com o estabelecimento do índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen­to (PNUD), o IDH, além de incluir a renda per capita de um país, dá desta­que à expectativa de vida dos habitan­tes, ao grau de alfabetização e às rea­lizações educacionais.

Já o Indicador de Progresso Genuí­no (IPG) introduz em seus cálculos os fatores negativos criados pela socie­dade, os quais não são contabilizados pelo PIB. Por exemplo, a implantação de uma fábrica representa — indiscuti­velmente — um aumento no PIB de uma região. Mas se os benefícios tra­zidos pela nova empresa também vie­rem acompanhados por uma degrada­ção da saúde, da cultura e do bem-estar da comunidade, o resultado fi­nal pode ser zerado, anulando os be­nefícios econômicos trazidos. Segun­do os seguidores do IPG, existem vá­rios custos não-econômicos que de­vem ser incluídos, como o de uso dos recursos naturais, de perda dos ecos-sistemas, de poluição (sonora, do ar e da água), de criminalidade e, até mes­mo, de dissolução de famílias.

Outra tentativa de medir o bem-es­tar da sociedade, ainda menos ortodoxa, é o índice do Planeta Feliz (IPF), criado pela Fundação New Economics, um think-tank (usina de idéias) britâ­nico. Um dos componentes mais im­portantes do IPF é a eficiência ecoló­gica de uma nação e de seus indiví­duos. A idéia não é identificar o país "mais feliz" do planeta, mas sublinhar que é possível atingir altos índices de bem-estar e viver plenamente sem con­sumir excessivamente ou desgastar os recursos naturais.

Medir valores subjetivos, como a fe­licidade, é uma tarefa complicada, pois cada pessoa a compreende de forma distinta. Para alguns cientistas, a men­te funciona apenas como um aparelho que responde a estímulos externos. A felicidade, nesse caso, é percebida como uma conseqüência direta dos prazeres sensoriais registrados pela mente. Como estes são passageiros, a ênfase na busca de estímulos mate­riais é cada vez maior.
Já a filosofia budista aponta para ou­tra fonte de felicidade, aquela que tem origem em estímulos internos. E o es­tado em que o indivíduo vivencia o "ser", ao contrário de reagir apenas aos estímulos externos. A ciência compor­tamental comprovou que, de fato, a mente pode ser treinada por meio de práticas específicas (como a meditação) para promover estados duradouros de serenidade e contentamento. Quando a felicidade é compreendida dessa ma­neira, a busca desenfreada pelas sen­sações externas e o conseqüente con­sumo insustentável dos recursos natu­rais podem ser reduzidos consideravel­mente, promovendo uma economia mais saudável.



Segundo Karma Ura, presidente do Centro de Estudos do Butão, uma auto­ridade na pesquisa da FIB em seu país, a felicidade deve ser "um bem público, já que todos os seres humanos alme­jam alcançá-la". Ele acrescenta que "a busca da felicidade não pode ser deixada exclusivamente a cargo de esforços privados. Se o planejamento do governo e as condições macroeconômicas da nação forem adversos à felicidade, esse planejamento fracassará como meta co­letiva. Os governos precisam criar con­dições que conduzam à felicidade".

O primeiro-ministro do Butão, Jigmi Thinley, em discurso na Assembléia Ge­ral da ONU em setembro, explicou por que seu país instituiu a FIB. “É respon­sabilidade do Estado criar um ambiente que permita aos cidadãos buscar a feli­cidade." Ele considera que o ser huma­no deve ser visto de uma forma holísti­ca. "O bem-estar material é apenas um componente e este não assegura que os cidadãos estejam em paz com o am­biente e em harmonia entre eles."

Contando com o apoio incondicio­nal do monarca, a FIB passou a ser um elemento estratégico da política de planejamento do Butão e criou-se uma coleção de novos indicadores socioam­bientais. Um questionário com 1.300 perguntas foi elaborado e uma amos­tra da população respondeu ao teste. A pesquisa incluía as mais variadas perguntas, como quantas horas o in­divíduo dormia à noite ou quanto tem­po passava com amigos e parentes.

A convite do PNUD, Michael Pen­nock, diretor do Observatório para Saúde Pública em Vancouver, Canadá, passou três meses no Butão em 2006 para desenvolver um questionário mais "internacional" sobre a busca da felicidade. "O questionário butanês era muito longo, eram necessárias seis horas para ser respondido. Fui ao Bu­tão para criar uma versão menor, mais concisa, que pudesse ser respondida em 20 ou 30 minutos. Usamos apenas 100 variáveis para indicar os níveis de satisfação de um indivíduo no seu co­tidiano", diz Penncock.

Os pilares da FIB no Butão foram "ocidentalizados" e passaram a ter nove dimensões. Além das quatro ini­ciais — bom padrão de vida, boa governança, proteção ambiental e pro­moção da cultura — foram adicionados outros cinco itens: educação de quali­dade, boa saúde, vitalidade comunitá­ria, gestão equilibrada do tempo e bem-estar psicológico.

-Foi preciso dar pesos diferentes para cada área, em cada país. Para
países mais pobres, enfatizamos as ne­cessidades materiais. No Butão, um peso maior foi conferido ao aspecto cultural — o que não acontece no Canadá, uma nação multicultural por na­tureza", explica Penncock.
O conceito da FIB já chegou ao Bra­sil. No final de outubro, o butanês Kar­ma Ura se reuniu em São Paulo com empresários interessados em susten­tabilidade, deu palestras na Unicamp e na USP e participou da I Conferên­cia Brasileira sobre a FIB. Apesar de ter estranhado o clima quente e úmi­do, Ura adorou o calor humano brasi­leiro. "Tenho certeza de que o concei­to da Felicidade Interna Bruta vai ser bem aceito no Brasil. Vocês sabem o que é ser feliz."

Haroldo Castro viaja como jornalista, fotógrafo e conservacionista.
Ele é o fundador do Clube de Viajologia e já documentou 138 países.


haroldo@viajologia.com.br

www.viajologia.com.br


Revista Planeta JANEIRO 2009

retirado de:
holosgaia.blogspot

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Tábua de Esmeraldas


A Tabua de Esmeraldas e um texto atribuido a Hermes Trimegistus (Hermes tres vezes grande), este e o nome dado pelos neoplatonicos, misticos e alquimistas ao deus egipcio Thoth (ou Tehuti), identificado com o deus grego Hermes, ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.
A Tabua de Esmeraldas, foi um dos textos que deu origem a alquimia, a boa parte do ocultismo e lojas maconicas, sejam elas orientais ou ocidentais.
Surgiu primeiramente nos textos seguintes: Kitab Sirr al-Khaliqa wa Sanat al-Tabia (c. 650 d.C.), Kitab Sirr al-Asar (c. 800 d.C.), Kitab Ustuqus al-Uss al-Thani (século XII), e Secretum Secretorum (c. 1140).
Tambem conhecida como Tabua Esmeralda (teria sido originariamente gravado em uma esmeralda), Tabula Smaragdina, ou O Segredo de Hermes, trata-se de um texto antiquissimo que se propoe a revelar a natureza do universo e as suas transformacoes, seu texto e sucinto e alegorico e e considerado por muitos a pedra angular da alquimia europeia e de toda tradicao hermetica posterior, porque apesar de muito reduzido contem todos os ensinamentos da alquimia, basta conseguir interpreta-lo.

Esta e a tradução latina escrita por Johannes Hispaniensis, do sec. XVII, assim como a traducao para o portugues de cada uma destas influentes passagens:

A Tabua de Esmeralda

Verum sine mendacio, certum et verissimum
É verdade, certo e muito verdadeiro.

Quod est inferius est sicut quod est superius, et quod est superius est sicut quod est inferius, ad perpetranda miracula rei unius.
Que o que está embaixo é semelhante ao que está em cima e o que está em cima é semelhante ao que está embaixo, para realizar os milagres de uma única coisa.

Et sict omnes res fuerunt ab uno, mediatione unius, sic omnes res natæ fuerunt ab hac una re, adaptatione.
E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas nasceram desta única coisa, por adaptação.

Pater ejus est Sol, mater ejus Luna, portavit illud Ventus in ventre suo; nutrix ejus Terra est.
O Sol é o pai, a mãe é a Lua, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua ama.

Pater omnes Telesmi totius mundi est hic.
O Pai de toda Telesma do mundo está nisto.

Vis ejus integra est, si versa fuerit in Terram.
Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.

Separabis terram ab igne, subtile a spisso, suaviter, cum magno ingenio.
Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.

Ascendit a terra in cœlum, interumque descendit in terram et recipit vim superiorum et inferiorum.
Sobe da terra para o céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores.

Sic habebis gloriam totius mundi.
Desse modo obterás a glória do mundo.

Ideo fugiet a te omnis obscuritas.
E se afastarão de ti todas as trevas.

Hic est totius fortitudinis fortitudo fortis: quis vincet omnem rem subtilem omnemque solidam penetrabit.
Nisso consiste o poder poderoso de todo poder: que vencers todas as coisas sutís e penetrará em tudo o que é sólido.

Sic mundus creatus est.
Assim o mundo foi criado.

Hinc erunt adaptationes mirabiles quarum modus est hic.
Esta é a fonte das admiráveis adaptações e seu mecanismo é este aqui indicado.

Itaque vocatus sum Hermes Trismegistus, habens tres partes philosophiæ totius mundi.
Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal.

Completum est quod dixi de operatione Solis.
O que eu disse da Obra Solar é completo.